segunda-feira, 6 de março de 2017

Beleza Surreal

Tem sido uma surpresa saber que há pessoas que até perdem algum do seu tempo a ler o que escrevo e perceber, também, que as minhas inquietações não são só minhas. E tenho tantas que podia falar agora, mas prefiro expor uma de cada vez. Como bombons que se retiram de uma caixa de chocolates, um a um.
Nos últimos dias tem-me dado para isto de pensar na vida. Pensar naquilo que sou e nas coisas que gostava de mudar. Invariavelmente, o tema vai parar à minha querida barriguinha. A verdade é que é uma zona muito sensível para a maioria das pessoas. Eu gostava de saber quem definiu os padrões de beleza com que temos que lidar actualmente. Porque é que pessoas magras é que são bonitas? Eu conheço tantas que são magras e tão, tão feias...
Uma frase que fica sempre bem dizer é: "a beleza que conta é a interior". Esta frase que parece ser tão ingénua, vai a favor de tudo o que a sociedade define como beleza, porque ao dizê-la, já se está a admitir que a pessoa não é bonita.
A beleza que vendem é aquela em que somos todos iguais. Seguir as mesmas modas, usar as mesmas roupas, ter as mesmas medidas. Usar o cabelo curto, ou comprido, sendo que essa variação depende apenas da vontade de alguém que define isso. Tudo isto é falso. Isto não é beleza. Isto são pessoas umas iguais às outras. Sem identidade. 
A beleza real são as diferenças. São as imperfeições. As coisas que tornam cada pessoa única. A confiança de alguém. A independência. O ser capaz. O acreditar. Isso é que faz a beleza. O ser diferente. Ser único. 
A minha grande questão é: quando é que tudo isto vai parar? Ou será que vai parar algum dia? De quem será realmente a culpa? Não encontro, mais uma vez, respostas para as minhas questões. Apenas sei que gostava que houvesse uma maior reflexão sobre isto. Que existissem mais pessoas a pensar nisto e a ver a verdadeira beleza, aquela que vai além dos padrões estabelecidos.




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Das panquecas ao Social

Andava há já bastante tempo com curiosidade sobre as famosas panquecas de banana e aveia. De acordo com os ingredientes, sempre me pareceu uma receita bastante apetitosa, mas a minha desilusão foi enorme. Basicamente, aquilo só me soube a banana, mas uma banana sem graça nenhuma. E como se não bastasse, devido aos meus dotes culinários, ainda consegui que ficassem queimadas.
Eu sei que está na moda ser saudável. Comer saudável. Correr. E, é claro, colocar tudo isto no Instagram. Senão, não aconteceu. Mas não consegui ainda enquadrar-me neste estilo de vida. Também digamos que não faço propriamente um grande esforço para isso... Sobretudo na parte de colocar tudo no Instagram.
Há dias li um texto sobre alguém que simulou uma semana como Instagramer. Confesso que me choca esta expressão. E aturdem-me estas vidas fantasiadas, que não são reais. E depois confunde-me não perceber onde começa a verdade e acaba a mentira. Quem são as pessoas realmente felizes? Onde estão elas? Certamente não devem estar a conversar numa rede social, a postar fotografias de situações perfeitas (quando as situações mais perfeitas são aquelas que transbordam imperfeições).
Será a minha vida real? Será a minha vida completa? O que me falta para ser feliz? Fotos no Instagram? Se é o dia do gato e só vejo gatos no Facebook. Se é Natal e vejo um sem fim de fotos de consoadas felizes (será?). Há uma massificação de comportamentos. Se o Benfica joga só aparece Benfica. E fui aqui. Fui ali. Vou tirar aqui só mais umas fotografias para o perfil do Facebook. Onde está a essência das coisas? Não sei onde está. E, no entanto, como tudo isto está já tão dentro de nós, das nossas vidas. Imparável.

Mas atenção: não quero com isto dizer que as redes sociais são o grande mal do mundo. Elas aproximam pessoas que estão longe. Põem em contacto amigos que se tinham separado ou simplesmente pessoas que nos foram queridas no passado. Elas permitem partilhar coisas boas para que os amigos possam ficar felizes por nós ou para que visitem o mesmo restaurante e se deliciem com aquilo que nos fez crescer água na boca. Ou simplesmente mostrar aquela foto em que ficamos bem. Ou em que a paisagem ficou mais bonita que antes.
O que é difícil é perceber onde está a verdade dos factos que se encontram por lá. Perceber onde está a felicidade e onde está a realidade.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Save My Time

Após ter publicado o texto anterior, recebi algum feedback tanto de pessoas que se sentiam como eu, mas também de outras pessoas, com conselhos para melhor gerir o tempo.
Segui os conselhos da minha amiga Frederica e instalei no telefone a app Save My Time. Basicamente, nesta aplicação é possível criar nove categorias de actividades (dormir, comer, estudar, etc) de acordo com aquelas que fazemos no dia-a-dia. Depois, quando desbloqueamos o telefone, a aplicação pergunta o que estivemos a fazer e nós apenas temos que indicar em qual ou quais actividades gastámos o nosso precioso tempo.

O objectivo é perceber como gastamos o tempo e, com essa informação, perceber que coisas podem ser mudadas, de forma a rentabilizá-lo. A aplicação dá-nos depois um gráfico com o tempo consumido em cada actividade.

Resumindo e concluindo, de acordo com o gráfico dos meus últimos três dias, passei a maior parte do meu tempo a dormir! Naturalmente que depois falta para outras coisas. Só com três dias já deu para perceber que posso dormir menos e também há ali um roxo que diz respeito aos Social Media em que também posso cortar (mas não no tempo dedicado a este blogue, esse vai aumentar).
Vou continuar a usar a aplicação, para perceber exactamente em que é que estou a desperdiçar o meu tempo. A quem sofre do mesmo problema que eu, aconselho vivamente instalarem esta app. Porque no fundo, se desperdiçamos tempo, estamos a deitar fora grande parte da nossa vida e é isso que não podemos deixar acontecer. 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Abandonado

Isto tem estado um bocadinho parado aqui por estes lados... A vida passa a correr. Há pouco, quando pensei que não escrevia aqui há algum tempo, fiquei surpreendida ao compreender que já se passaram muitos muitos meses. Até já mudámos de ano!
E o que aconteceu entretanto? Pois bem...Nada! Mais de um mês do ano novo já lá vai e está tudo na mesma. Não sei se é só a mim que assusta esta rapidez com que a vida passa, mas suponho que não. As semanas sempre tão iguais. Todos os dias a fazer o mesmo percurso, a dar as mesmas voltas, a olhar para o mesmo computador e o tempo parece que não passa, mas quando dou por mim é fim-de-semana. E agora com esta "novidade" de voltar às aulas, aos trabalhos e aos exames, o tempo ainda é mais limitado. E ainda há a casa que se deve ter sempre arrumada, os almoços e jantares cozinhados impecavelmente... Ah e o ginásio. E namorar, é claro. E dormir! Como é que no meio disto se arranja tempo para dormir??
Eu gostava muito de vir aqui com uma solução que pudesse ajudar pessoas como eu a terem tempo para tudo. Mas a verdade é que eu é que preciso de ajuda!! Porque no meio disto tudo falta o tempo para escrever, para cantar. E para a guitarra, que está encostada a um canto da sala faz meses. E o teatro! A falta de tempo para lá ir. E o cinema. Vão passar os Oscars e os filmes vão ficar todos por ver.
E, no meio disto tudo, o tempo para a família, para os amigos. Para ler um livro bom (ou dar-me ao luxo de um mau). Para ficar simplesmente parada sem fazer nada, apenas a contemplar. Dar um passeio, ver o mar, visitar os museus.
Tanto para fazer e tão pouco tempo. Assim se vê o estado deste blogue: abandonado.

ps - E serviu este texto para conseguir uma lista de coisas que tenho saudades de fazer. Para me dar alguma urgência à vida, nas decisões e nos actos. Para tentar fazer-me sair da apatia e deitar mãos à obra.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Fim de Férias

Setembro é sinónimo de regresso ao trabalho para muitos, mas, no meu caso, costuma ser o mês eleito para férias. Ainda está calor, os dias são suficientemente longos para muitas horas de praia, os preços dos alojamento e viagens são económicos e, sobretudo, há muito menos confusão (e filas) do que em Agosto. Por isso, há já vários anos que, quando chega Setembro, chegam também as férias.
Costumo eleger um destino de praia em Portugal, mas este ano, só para variar, fomos para Andaluzia. Matalascañas foi o destino escolhido e, digamos, a escolha poderia ter sido bem melhor. Basicamente, quando saímos pela primeira vez do hotel, fomos dar um passeio de carro para perceber onde era o centro e quais os sítios para “salir de fiesta”. Mas não encontramos pessoas nas ruas, e os poucos bares que estavam abertos também não tinham vivalma. Tudo fechado! Parecia uma cidade fantasma. Regressamos ao hotel e o nosso espanto foi bem grande quando vimos que estava a abarrotar. Quase nem uma cadeirinha para sentar na esplanada! Chegamos à conclusão que os hóspedes preferem ficar nos hotéis, em vez de sair. Compreendo perfeitamente, até porque, depois desta primeira noite, também nós ficamos no hotel a participar nos jogos de perguntas e respostas e a assistir aos outros turistas a fazer “figurinhas”. Nunca pensei que fosse dizer isto, mas desejei, pela primeira vez, que houvesse mais gente e mais confusão.

É uma boa experiência para quem quer descansar, para idosos (reparámos depois que eram a maioria dos hóspedes do nosso hotel e que muitos não iam à praia, nem à piscina, passavam o dia na esplanada da cafetaria) e sobretudo para quem goste de férias mesmo calmas. As praias são a perder de vista e, embora não me tenham parecido muito limpas, têm bandeira azul. Da minha parte não pretendo repetir a experiência. No próximo ano marco férias no Algarve em Agosto: é a única maneira de sentir saudades de Matalascañas. Coitadas das Cañas!!

domingo, 31 de julho de 2016

A história do começo

Gostava de contar esta história de forma resumida, mas comecei agora a pensar nela e a retroceder e a retroceder, retroceder... Aprendi que uma coisa acontece em função de outra. Também pode acontecer uma coisa depois da outra, sem sucessão mas, muitas vezes, o que acontece amanhã depende do que aconteceu hoje. E lembrei-me disto porque, uma vez que estou mesmo no princípio, achei por bem contar como surgiu este blogue. 
Voltando ao ano 2009, a minha vida em Portugal não estava a correr muito bem. É certo que tinha trabalho, mas era um emprego desinteressante, no qual passava 8 horas por dia ao telefone a ouvir reclamações aka operadora de call center. E houve um dia. Houve um dia em que um amigo me disse: "Vou emigrar." E eu pensei na minha vida. Pensei em como seria a minha vida sem ele. E depois pensei nos sonhos todos que tinha: de viver em Londres, de trabalhar fora do país, de fazer algo diferente. E assim foi. Acabei sozinha no País de Gales à espera de um dia chegar a Londres (nunca aconteceu). Começou assim aquela que foi até hoje a grande aventura da minha vida: apanhar um avião para uma terra que não conhecia e onde não tinha a certeza se seria feliz. Recordo-me que, enquanto subia as escadas para o avião, pensava: "não acredito que estou a fazer isto, não acredito que estou MESMO a fazer isto". E recordo-me também do momento mais assustador, quando cheguei a Cardiff com uma mala com metade do meu tamanho e sem conseguir entender o que aqueles galeses me diziam... 
Afinal até estou a conseguir resumir esta história. Ah! E o blogue surgiu assim. No computador do hostel onde fiquei nas primeiras noites e onde o meu pc não conseguia ligar ao wireless. Era suposto ser o local onde haveria de contar as histórias que acontecessem por lá, mas depois acabou por ser tudo diferente do que imaginei e no blogue acabaram por ficar apenas três textos até há mais ou menos um mês atrás, quando resolvi reciclá-lo. E o nome que dei ao blogue foi o resumo do meu dia-a-dia alimentar no restaurante onde trabalhava. Agora até me está a dar vontade de comer um pão de pita com salada... 
Talvez não devesse pegar em algo que não funcionou da primeira vez. Quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita, mas gosto de acreditar que é possível emendar as coisas. Emendar a vida. Agora estou à espera para ver se tenho razão.

O arranque

Este arranque não está fácil... Afinal já passou quase um mês e o que aconteceu? Nada! Este blogue continua vazio, apenas dois textos. Sinto que a minha imaginação regrediu depois de tanto tempo sem escrever. As palavras falham-me, as ideias parece que se perdem. Costumava escrever tantas vezes, era uma necessidade. Escrevia porque sim, só porque me apetecia ou para não ficar calada de palavras. Agora nem sei... O meu cérebro deve ter fugido para outro país. Não o critíco, mas preciso dele. É estranho... se me contam uma história num dia, na semana seguinte não sou capaz de reproduzi-la. Não sei se é doença, se é falta de treino.
Nos últimos anos, a vida profissional empurrou-me para trabalhos em que devo pensar o mínimo possível e seguir as regras. Sei que não há como fugir disso, mas preciso de ter as minhas ideias de volta. Preciso de pôr a cabeça a funcionar. Deixar sair tudo, bem ou mal. As ideias boas para um lado, as más para outro. Mas deixá-las sair.
Aproxima-se uma nova etapa na minha vida: voltar a estudar. Assusto-me. Não sei se ainda consigo raciocinar, se consigo aprender coisas novas. Mas quero tentar. Tal como neste blogue, quero tentar porque sei que sou capaz, que estou apenas enferrujada. Tudo o que quiser, se me empenhar, se depender de mim, posso conseguir tudo.
E é isto que eu escrevo. Porque a vida é curta e porque quero ainda aprender muito e fazer muito mais do que aquilo que faço agora e tenho medo que o tempo se esgote sem ter feito nada. Sei que é possível, só é preciso haver um começo. Depois, uma coisa leva a outra. Depois, é só colocar um pé à frente do outro. Um passo de cada vez. E desses passos fazer o caminho. Fazer o meu caminho. É difícil, mas eu acredito... E de repente sinto-me novamente com 18 anos a escrever textos de amor a rapazes desconhecidos. Tem graça a vida. É que, realmente, quando se começa não dá vontade de parar. Sinto a cabeça a divagar e não bebi nada. Eu sei que consigo. Afinal, o que custa mais é começar.