domingo, 31 de julho de 2016

A história do começo

Gostava de contar esta história de forma resumida, mas comecei agora a pensar nela e a retroceder e a retroceder, retroceder... Aprendi que uma coisa acontece em função de outra. Também pode acontecer uma coisa depois da outra, sem sucessão mas, muitas vezes, o que acontece amanhã depende do que aconteceu hoje. E lembrei-me disto porque, uma vez que estou mesmo no princípio, achei por bem contar como surgiu este blogue. 
Voltando ao ano 2009, a minha vida em Portugal não estava a correr muito bem. É certo que tinha trabalho, mas era um emprego desinteressante, no qual passava 8 horas por dia ao telefone a ouvir reclamações aka operadora de call center. E houve um dia. Houve um dia em que um amigo me disse: "Vou emigrar." E eu pensei na minha vida. Pensei em como seria a minha vida sem ele. E depois pensei nos sonhos todos que tinha: de viver em Londres, de trabalhar fora do país, de fazer algo diferente. E assim foi. Acabei sozinha no País de Gales à espera de um dia chegar a Londres (nunca aconteceu). Começou assim aquela que foi até hoje a grande aventura da minha vida: apanhar um avião para uma terra que não conhecia e onde não tinha a certeza se seria feliz. Recordo-me que, enquanto subia as escadas para o avião, pensava: "não acredito que estou a fazer isto, não acredito que estou MESMO a fazer isto". E recordo-me também do momento mais assustador, quando cheguei a Cardiff com uma mala com metade do meu tamanho e sem conseguir entender o que aqueles galeses me diziam... 
Afinal até estou a conseguir resumir esta história. Ah! E o blogue surgiu assim. No computador do hostel onde fiquei nas primeiras noites e onde o meu pc não conseguia ligar ao wireless. Era suposto ser o local onde haveria de contar as histórias que acontecessem por lá, mas depois acabou por ser tudo diferente do que imaginei e no blogue acabaram por ficar apenas três textos até há mais ou menos um mês atrás, quando resolvi reciclá-lo. E o nome que dei ao blogue foi o resumo do meu dia-a-dia alimentar no restaurante onde trabalhava. Agora até me está a dar vontade de comer um pão de pita com salada... 
Talvez não devesse pegar em algo que não funcionou da primeira vez. Quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita, mas gosto de acreditar que é possível emendar as coisas. Emendar a vida. Agora estou à espera para ver se tenho razão.

O arranque

Este arranque não está fácil... Afinal já passou quase um mês e o que aconteceu? Nada! Este blogue continua vazio, apenas dois textos. Sinto que a minha imaginação regrediu depois de tanto tempo sem escrever. As palavras falham-me, as ideias parece que se perdem. Costumava escrever tantas vezes, era uma necessidade. Escrevia porque sim, só porque me apetecia ou para não ficar calada de palavras. Agora nem sei... O meu cérebro deve ter fugido para outro país. Não o critíco, mas preciso dele. É estranho... se me contam uma história num dia, na semana seguinte não sou capaz de reproduzi-la. Não sei se é doença, se é falta de treino.
Nos últimos anos, a vida profissional empurrou-me para trabalhos em que devo pensar o mínimo possível e seguir as regras. Sei que não há como fugir disso, mas preciso de ter as minhas ideias de volta. Preciso de pôr a cabeça a funcionar. Deixar sair tudo, bem ou mal. As ideias boas para um lado, as más para outro. Mas deixá-las sair.
Aproxima-se uma nova etapa na minha vida: voltar a estudar. Assusto-me. Não sei se ainda consigo raciocinar, se consigo aprender coisas novas. Mas quero tentar. Tal como neste blogue, quero tentar porque sei que sou capaz, que estou apenas enferrujada. Tudo o que quiser, se me empenhar, se depender de mim, posso conseguir tudo.
E é isto que eu escrevo. Porque a vida é curta e porque quero ainda aprender muito e fazer muito mais do que aquilo que faço agora e tenho medo que o tempo se esgote sem ter feito nada. Sei que é possível, só é preciso haver um começo. Depois, uma coisa leva a outra. Depois, é só colocar um pé à frente do outro. Um passo de cada vez. E desses passos fazer o caminho. Fazer o meu caminho. É difícil, mas eu acredito... E de repente sinto-me novamente com 18 anos a escrever textos de amor a rapazes desconhecidos. Tem graça a vida. É que, realmente, quando se começa não dá vontade de parar. Sinto a cabeça a divagar e não bebi nada. Eu sei que consigo. Afinal, o que custa mais é começar.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Croissant vs Pastel de Nata

A primeira coisa a dizer é que não, este não é um blog sobre cozinha. Mas o pode ser melhor do que estas duas iguarias para definir o duelo futebolístico do próximo domingo? 
É que Euro não é muito mais do que futebol. Para mim, o Campeonato da Europa está, à boa maneira portuguesa, completamente ligado a comida. O que seria assistir aos jogos de Portugal sem aquele tremoço salgado? Sem um pica-pauzinho cheio de pickles? Sem uns amendoins torrados? Sem uma imperial fresquinha?? Hum...
Europeu são amigos juntos a ver futebol, a torcer todos pelo mesmo. São famílias, são colegas. Eu sei que é apenas futebol. Nada de muito relevante para a vida no geral. Mas, pelo menos, ainda é bom ver que somos capazes se nos unir por alguma coisa. Mesmo que essa coisa seja a Selecção Nacional. Agora o que é preciso é fazer o mesmo com outras coisas que realmente interessam. Pegar neste espírito, nesta onda de desconhecidos que naquele momento do golo comemoram juntos e fazê-los comemorar juntos a vida inteira. 
Não sou crítica de futebol. Acho que lhe é dada muito mais importância do que na realidade devia. Mas neste caso, o que gostava era de ver esta união a acontecer diariamente.
Enquanto isso não acontece, vamo-nos unindo até Domingo e no final do jogo, que vença o pastel de nata.